terça-feira, 30 de outubro de 2012

Fernando Tordo canta Eu sou daqui



Estás de passagem.
Trazes um mapa com distâncias coloridas
apenas riscos e locai. Mas nunca vidas.
Tiras retratos ao que olhas mas não vês.

Vamos os dois.
Quero mostrar-te a paisagem interior
o Norte e o Sul a estrada da raíz à flor
a Pátria – mãe o ser humano o ser amor

Eu sou daqui deste País
nasci do vento norte e sul do que Deus quis
Sou das cidades e das serras das aldeias
do pão e vinho das idéias.

Eu sou daqui sou desta gente
Sou dos silêncios que se dizem com voz quente
Sou do milagre das cantigas e da sorte
filho do vento Sul e Norte.

Estás de passagem.
Mais uma vez irás dizer que já estiveste,
mais uma vez irás dizer que conheceste,
mostras lembranças que não te deixam mentir…

Vamos os dois.
Quero mostrar-te a paisagem interior
o Norte e o Sul a estrada da raíz à flôr
a Pátria – mãe o ser humano o ser amor

Eu sou daqui. Desta paixão
o norte e o sul são a mãe terra e o pai irmão
Sou das montanhas e das praias eu sou mais
eu sou dos pontos cardeais.

Eu sou daqui para lá da morte
eternamente serei Sul e serei Norte
sou das vindimas dos pregões das romarias
eu sou daqui todos os dias.

Eu sou daqui. Deste País.

domingo, 28 de outubro de 2012

Chula da Merkel


Continuação(substituição) do post anterior apenas com o acrescento de que a letra é de Nuno Gomes dos Santos.

Chula da Merkel

Dado que este vídeo foi removido pelo ulilizador (pessoa que o publica no You Tube) e o substitui-o por outro, que já está no post seguinte. Peço desculpa.
Esta é a versão oficial já com o nome correcto A CHULA DA MERKEL (ela é muito mais Chula que Chulinha)para lhe ser cantada quando ela chegar a Portugal se alguém conseguir fazer uma versão em Alemão agradecia, para eu poder cantar na linguada CHULA (perdão) na língua da Merkel, assim ela irá certamente perceber. Vamos fazer também uma versão vídeo mais acabada e outra versão em estúdio com vários intervenientes...depois informo quando forem as gravações, porque vou precisar de figurantes.
Carlos Mendes

Surripiado ao Viriato Teles (via facebook)

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Xutos & Pontapés - Chuva Dissolvente


Entre a chuva dissolvente
No meu caminho de casa
Dou comigo na corrente
Desta gente que se arrasta

Metro, túnel, confusão
Entre súor despertino
Mergulho na multidão
No dia a dia sem destino

Putos que crescem sem se ver
Basta pô-los em frente à televisão
Hão-de um dia se esquecer
Rasgar retratos, largar-me a mão
Hão-de um dia se esquecer
Como eu quando cresci
Será que ainda te lembras
Do que fizeram por ti?

E o que foi feito de ti?
E o que foi feito de mim?
E o que foi feito de ti?
Já me lembrei, já me esqueci

Quando te livrares do peso
Desse amor que não entendes
Vais sentir uma outra força
Como que uma falta imensa
E quando deres por ti
Entre a chuva dissolvente
És o pai de uma criança
No seu caminho de casa

E o que foi feito de ti?
E o que foi feito de mim?
E o que foi feito de ti?
Já me lembrei...
Já me lembrei, já me esqueci

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

"Se há alternativas, vamos a elas"


Se há alternativas, vamos a elas

Cipriano Justo (hoje no Publico)

Quando um povo coloca quem os governa em estado de recolher obrigatório, considerando as manifestações de protesto provocadas por qualquer dos seus membros sempre que põe a cabeça de fora do respectivo gabinete, é porque o grau de rejeição que se instalou tem uma tal intensidade que os governantes deixaram de ter condições para continuarem a exercer as suas funções. Nenhuma dessas manifestações é um inesperado acesso de mau-humor dos portugueses; elas têm uma história e uma base material, quantificável pelo valor da destruição do emprego, rendimento, expectativas e bem-estar social e individual. Por muito menos, a má moeda foi colocada fora de circulação. O princípio da precaução, bastante aplicado em saúde pública, deve igualmente estar presente sempre que as circunstâncias políticas e sociais o exigem, competindo ao vértice dos órgãos de soberania tomar as providências necessárias para o efeito. Em qualquer circunstância os benefícios resultantes da interrupção do curso dos acontecimentos são sempre superiores aos custos do prolongamento de uma doença.
 
O estado de desgraça do governo, da coligação e da maioria parlamentar é tal que os defensores de uma salvífica remodelação vão abandonando essa trincheira, transferindo-se para o desenho da solução governativa que se segue, ainda no contexto da actual composição da Assembleia da República. Porém, para que tivesse legitimidade popular, seria necessário que se verificasse uma condição insuperável no actual quadro parlamentar: que os deputados que nestes quinze meses têm apoiado a coligação dessem agora o dito por não dito. Esse exercício até podia vir a ser conseguido por uma daqueles exercícios de engenharia partidária em que o PSD, nomeadamente, é particularmente hábil. Mas estes tempos deixaram de ser favoráveis às manobras da mão invisível da política de secretaria. Num instante, as praças e as ruas do país iriam encher-se para exigir a reposição da soberania popular, porque a composição do actual parlamento já é uma imagem substancialmente distorcida da vontade dos portugueses.
 
Portanto, mais vale atalhar e resolver esta situação pela via da aplicação das regras democráticas e constitucionais: dar a voz ao povo e confiar no sentido do seu voto. Por muito complexa e laboriosa que viesse a ser a constituição de uma solução alternativa de governo, é a escolha que neste momento mais se aproxima da vontade dos eleitores. E para a superação da conjuntura económico-financeira este aspecto tem uma importância que em caso algum deve ser menosprezado. Os ganhos de legitimidade obtidos, porque é esse o principal valor que neste momento está em causa, representaria uma relevante contribuição para as soluções políticas que viessem a ser equacionadas.
 
Por todas estas razões, e à velocidade e imprevisibilidade com que os acontecimentos políticos estão a desenrolar-se, é uma prioridade começar a tratar a agenda da governabilidade do país, interpelando para tanto o PS, o PCP e o BE. Assumindo-se a hipótese de nos próximos anos as maiorias absolutas estarem excluídas, dado o estado de espírito dos eleitores, isso reforça a tese de uma solução inclusiva no espaço político-partidário entre o PS e o PCP. Ao tornar-se eleitoralmente determinante, esse acontecimento teria condições para desbloquear as desconfianças e hesitações reinantes, contribuindo para imprimir outra dinâmica ao pólo da esquerda. Havendo elementos que permitem acreditar que naquele campo as diferenças são compatíveis de articular e que existem caminhos a explorar cujo sentido podem dar lugar a uma resposta que retire os portugueses do garrote financeiro em que o colocaram, então todas as iniciativas que contribuíssem para equacionar a sua concretização deviam fazer prova de vida.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

"Apetece cantar"


Um poema de Miguel Torga
 
Apetece cantar, mas ninguém canta.
Apetece chorar, mas ninguém chora.
Um fantasma levanta
A mão do medo sobre a nossa hora.

Apetece gritar, mas ninguém grita.
Apetece fugir, mas ninguém foge.
Um fantasma limita
Todo o futuro a este dia de hoje.

Apetece morrer, mas ninguém morre.
Apetece matar, mas ninguém mata.
Um fantasma percorre
Os motins onde a alma se arrebata.

Oh! maldição do tempo em que vivemos,
Sepultura de grades cinzeladas,
Que deixam ver a vida que não temos
E as angústias paradas!

sábado, 20 de outubro de 2012

"O Regresso do Relaxoterapeuta"



Apesar de andar pouco participativo nestas andanças, raramente me escapa aquilo que os meus bloggers de referência vão publicando. Hoje tive a agradável surpresa de encontrar um “velho” companheiro da bloga, voltar ao activo. Como achei o post “delicioso” aqui o reproduzo com a devida vénia.



"E daí, talvez..."


"O despertador marcava 4:23. Nas últimas duas horas e três quartos assistira de olho arregalado à passagem de cada minuto, como quem desfia dolorosamente as contas de um rozário, implorando ao divino a graça da fé. Ou pelo menos a Graça cabeleireira, que é bem-boa.

A malvada insónia e as palavras do Pinheiro de Azevedo martelando-me na cabeça, estavam a transformar o merecido tempo de repouso numa angústia quase igual à vertigem de... um... discurso... de... Vitor... Gaspar. Com a breca, o Pinheiro de Azevedo tinha toda a razão - "Estou farto de brincadeiras, ok? ... fui sequestrado, já duas vezes, já chega. Não gosto de ser sequestrado, é uma coisa que me chateia. " E a mim também me chateia Pinheiro, não gosto de ser sequestrado e muito menos de untar o vesgo de vazelina esterilizada, orçamento após orçamento. Sobretudo quando é o próprio arquitecto do miraculoso programa de emagrecimento e rejuvescimento, o frenético... ministro... Vitor... Gaspar, a confirmar que Portugal continua a esbanjar sem critério, desvendando que o país investiu na sua educação uma pipa de massa. Da grossa. Tá bom de ver, mais um péssimo investimento, mais um negócio ruinoso para um país demasiado generoso. Antes o dinheiro tivesse sido gasto em bolota que assim sempre lhe punhamos um presunto ao fumeiro e já nos sentíamos ressarcidos, uma vez que o vagaroso alfário insiste em retribuir o que ruminou durante algumas décadas. Mas fique sabendo caro... Gaspar, que por mim pode deixar-se de mesuras e de cerimónias, vá andando que não me deve absolutamente nada desses anos em que se deliciou em prados verdejantes. Chô! Chô!

Não sei se foi da noite mal dormida, se de me sentir sequestrado, ou se da greve dos padeiros, e daí talvez. A verdade é que senti de novo uma enorme vontade de... é pá, desculpem lá mas agora vou almoçar!..."
 

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Amélia Muge - Nevoeiro (poema de Fernando Pessoa)


Nem rei nem lei, nem paz nem guerra,
define com perfil e ser
este fulgor baço da terra
que é Portugal a entristecer –
brilho sem luz e sem arder,
como o que o fogo-fátuo encerra.
 
Ninguém sabe que coisa quer.
Ninguém conhece que alma tem,
nem o que é mal nem o que é bem.
(Que ância distante perto chora?)
Tudo é incerto e derradeiro.
 
Tudo é disperso, nada é inteiro.
Ó Portugal, hoje és nevoeiro…
É a Hora!”

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

domingo, 14 de outubro de 2012

Jorge Palma - À Espera do fim


NOTA: Penso que esta canção pertençe ao album "Só" editado em 1991. Sem nunca ter sido, ou considerado um cantor de intervenção, os temas que cantou e canta na sua já longa carreira, têm uma particularidade especial de mexerem comigo. Como digo no canto superior direito deste blogue, aquilo que publico tem a ver com o meu estado de espiríto. Hoje deu-me para isto. Bom Domingo!
(post reeditado) 09-10-2011

sábado, 13 de outubro de 2012

Carlos Mendes - "Vagabundo do Mar" poema de Manuel da Fonseca


Do álbum "Vagabundo do Mar" (1997).
Poema de Manuel da Fonseca.
Música de Carlos Mendes

Sou barco de vela e remo
sou vagabundo do mar.
Não tenho escala marcada
nem hora para chegar:
é tudo conforme o vento,
tudo conforme a maré...

Muitas vezes acontece
largar o rumo tomado
da praia para onde ia...

Foi o vento que virou?
foi o mar que enraiveceu
e não há porto de abrigo?
ou foi a minha vontade
de vagabundo do mar?

Sei lá.

Fosse o que fosse
não tenho rota marcada
ando ao sabor da maré.

É, por isso, meus amigos,
que a tempestade da Vida
me apanhou no alto mar.

E agora,
queira ou não queira,
cara alegre e braço forte:
estou no meu posto a lutar!
Se for ao fundo acabou-se.
Estas coisas acontecem
aos vagabundos do mar.

Manuel da Fonseca

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

"COMO CÃES DE RABO NA BOCA"

por Peter Pung
"O Sr. Zé produziu um Pão e vendeu-o por 1 Euro. No ano seguinte trabalhou mais e melhor e conseguiu produzir 2 Pães mas só os conseguiu vender por 0,75 euro (aos dois) porque o preço do Pão caiu. No ano seguinte os 3 Pães que produziu foram vendidos apenas por 0,25 Euro. O PIB do País do Pão estava em queda. O pânico instalou-se. Não havia um tal de "Crescimento".
O Governo de Padeiros preocupado com o CRESCIMENTO ECONÓMICO promoveu o endividamento do Sr. Zé para que este produzisse ainda mais Pães e assim o PIB crescesse.
Infelizmente nada aconteceu.
O Preço do Pão baixou.
No ano seguinte o governo decidiu endividar-se para ajudar ao endividamento do Sr. Zé para que este produzisse ainda mais Pães.
Mas o Preço do Pão voltou a encolher e o País não cresceu.
No ano seguinte o Governo resolveu tomar uma medida inovadora: promover o endividamento dos consumidores de Pães para aumentar o Consumo e fazer crescer o PIB.
O Preço do Pão desceu ainda mais e o PIB do País não cresceu.
A crise instalou-se. Se o País do Sr. Zé fosse uma animal seria um daqueles cães que ficam tontos de tanto tentarem morder a cauda sem sucesso.
Algo estava mal.
O Governo reflectiu, analisou e concluiu que o problema é só um : a empresa do Sr. Zé, o Sr. Zé, os clientes do Sr. Zé e o Estado estavam todos sobre endividados !!!
Chamaram Advogados e Economistas famosos. Debateram ideias e até fizeram análises jurídicas e econométricas complexas.
Depois de muitas análises laboratoriais ganharam coragem e em nome do Pão foi decidido :
1) Assumir frontalmente que o Sr. Zé trabalha muito pouco e que tem um problema;
2) Que perante níveis de produtividade e competitividade tão baixos há que liberalizar o seu despedimento e reduzir os descontos que faz para a sua velhice para que assim se consiga exportar para o grande mercado internacional do Pão;
3) Para convencer os Credores de que o Sr. Zé vai conseguir pagar todas as sua dívidas e até aumentar as Exportações reduziram-lhe, com um aumento brutal de impostos, o dinheiro disponível para o Consumo do Pão e para os Investimentos na actividade.
(Dois anos mais tarde.....)
Passaram dois anos e o Sr. Zé é mais feliz.
Vendeu a padaria para uma loja dos chineses, fugiu da dívida e emigrou para a Suíça.
Está empregado numa padaria que faz Pães com uma Arte como nunca viu fazer. Sabores e recheios incríveis. A padaria até tem uma marca e tem uma forma de se relacionar com os clientes como nunca viu em Portugal. Agora tem tempo para ir ao Teatro e Exposições de pintura. Lê mais e até está a tirar um curso sobre Gestão e Artes Gastronómicas na Universidade do Pão. Os filhos estudam coisas que só os "Estrangeiros aprendem"....esperam um dia serem tão criativos e inovadores que não há PREÇO que os agarre.
Sonha um dia voltar a Portugal para mostrar não é nenhuma besta incapaz e que nunca lhe deram Oportunidades.
Manda saudades e pediu-me para vos dizer que o problema não é a dívida como nos dizem. É do PREÇO."

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

"A coisa por aqui está preta"



A poesia só por si ou transformada em música acompanhou-me desde muito cedo. Houve tempos em que era a única forma de “desembuchar “e ganhar alento para nos motivarmos para as causas que muitos de nós ainda na “puberdade” já abraçávamos.
Numa fase da minha vida e de grande parte dos Portugueses em que a tristeza nos invade e nos motiva a lutar contar o miserabilismo que nos estão a impor e quando as palavras não saem, os poucos posts que tenho publicado são de canções que de uma forma ou outra me marcaram e cujo conteúdo me diz muito.
Talvez em jeito de resposta, ao “quase anónimo” que me perdoem os restantes comentadores, aqui deixo mais uma, que talvez responda às questões que deixou.
Claro que farei tudo o que for capaz e não será o desânimo que me derrota.

domingo, 7 de outubro de 2012

Farto de Voar - Sérgio Godinho


Farto de Voar

Sérgio Godinho

Farto de voar
Pouso as palavras no chão
Entro no mar
Sinto o sal de mão em mão
Tenho um barco na vida espetado
Só suspenso por fios dum lado
E do outro a cair
a cair
no arpão
no arpão

Levo a dormir
Sonhos que andei para trás
Ergo o porvir
Trago nos bolsos a paz
Tenho um corpo na morte espetado
Só suspenso por balas dum lado
E do outro a escapar
a escapar
de raspão
de raspão

Ponho a girar
Cantos que ninguém encerra
De par em par
Abro as janelas para terra
Tenho um quarto na fome espetado
Só suspenso por água dum lado
E do outro a cair
a cair
no alçapão
no alçapão

Farto de voar
Pouso as palavras no chão
Entro no mar
Sinto o sal de mão em mão

sábado, 6 de outubro de 2012

Artigo 21.º Constituição da republica Portuguesa


Artigo 21.º Constituição  da republica Portuguesa
Todos têm o direito de resistir a qualquer ordem que ofenda os seus direitos, liberdades e garantias e de repelir pela força qualquer agressão, quando não seja possível recorrer à autoridade pública

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Gabriel O Pensador - Pega Ladrão


Esta canção e este vídeo não foi feito, tendo Portugal como objectivo. Daí poder haver algum desenquadramento (na letra e nas personalidades) em relação à minha intenção que é óbvia.