sábado, 30 de junho de 2012

"Inquietação"


Música cedida por José Mário Branco, agora numa nova versão, gravada em exclusivo para o Q por Camané e Dead Combo.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Boss AC / Mariza - Alguém me Ouviu (Mantém-te Firme)

Desde muito jovem que encontrei na poesia e nas canções, em que se tornaram muitos dos grandes poemas, embora alguns dos poemas fossem feitos para se transformarem em canções.
Dizia que quando não há mais nada ou o que há é insuficiente, uma canção que nos toque, com que nos identifiquemos que nos diga coisas que precisamos de ouvir, não resolve mas ajuda a encontrar as forças e a motivação que nos começam a faltar.
Perdoem-me a repetição, mas senti necessidade de a ouvir e partilhá-la convosco.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

"Raiva de Viver"

Eu sei que a música hoje é outra. Mas não troco esta por outra qualquer, embora não me seja indiferente e vou estar atento pelo menos ao resultado. Gostos são gostos e como tal não se discutem.
Não consegui encontrar este belo poema escrito, se algum amigo o conseguir e o colocar na caixa de comentários, acrescentá-lo-ei ao post.

terça-feira, 26 de junho de 2012

A Cura vem a Caminho (entretanto Tussa)


Para quem sofre de uma doença crónica é com grande satisfação que lê na imprensa especializada ou não, o anúncio de uma possível cura que ainda o possa safar a tempo de ir desta para melhor. Mas a satisfação passa depressa quando a anunciada descoberta, ainda não passou de ensaios de laboratório, normalmente usando ratos para esse fim. No fundo estes anúncios e não lhes retirando a importância científica, destinam-se a publicitar os laboratórios farmacêuticos que subsidiam os estudos e assim asseguraram a patente do tal medicamento que uns anos mais tarde, será comercializado com a sua marca. Entretanto os doentes carentes dessa nova descoberta, quando a mesma se tornar medicamento, já passaram todos para o outro lado e apenas foram cobaias e criaram a necessidade da tal descoberta salvadora. Claro que não ignoro que foi assim que algumas terríveis maleitas foram erradicadas do seio da humanidade.

Este intróito não tem nada a ver (não terá?) com a questão que queria levantar. Ontem foi um dia, não de grandes acontecimentos mas, um teve particular importância. De facto uma moção de censura por muito que se a queira desvalorizar, não é um acontecimento habitual e muito menos um instrumento constitucional vulgarizado. “Ganhador ou perdedor” foi a partir de algumas que se deram das grandes modificações na correlação de forças que geriram (mal ou bem) os destinos do nosso País.

Algumas notas evidentes.
1.     O PCP o proponente mostrou um profundo conhecimento da realidade do nosso País e dos malefícios que lhe têm sido impostos pelo celebérrimo acordo da Troika, com os acrescentos de quem quer ser mais Troikano do que a respectiva. Mas quanto a mim mostrou também que qualquer alternativa de poder credível não passa por ali. A forma isolada sem (pelo menos conhecida) qualquer tentativa de juntar aos seus votos, outros mesmo que dispersos, assim o demonstrou. Claro que o B.E lá juntou os seus, como teria que ser.
2.      O PS tentou mostrar uma unanimidade que se sabe não ser autêntica e lá obteve a sua vingançazinha por o PCP há pouco mais de um ano ter contribuído com o seu voto a ajudar a derrubar o Governo de José Sócrates. Para além disso não fez mais do que se ter tornado verdadeiramente, o Partido do NIM. (nem coiso nem sai de cima).
3.     Quanto à maioria, claro aquela gente, como outra gente, noutros tempos recentes está ali para dizer que sim com a cabeça.

Entretanto e tendo em conta a “desvalorização” da militância colectiva e partidária não faltam por aí iniciativas que se propõem transformar em alternativas a este estado de coisas. Não tenho nada contra, até porque eu próprio subscrevi e divulguei pelo menos uma delas. Mas será que os timings propostos não estarão a ser demasiado atirados para a frente?
Estamos num País em que cada dia que passa há demasiado “doente a morrer “ porque o tal remédio “milagroso” continua no laboratório e como tal os pacientes estão proibidos de usar os já existentes. Ou seja. Se tem tosse tussa, até encontrarmos a cura!

Coisas que vamos encontrando por aí, nos comovem mas sobretudo, não deixam apagar a memória.

António Lopes de Almeida, Maria da Piedade (mulher) e Suzete (filha)

No início do ano passado homenageei aqui António Lopes de Almeida, assassinado pela PIDE, no Aljube, em 1949. Na altura baseei-me nos arquivos da PIDE/DGS e nos jornais da época. Só mais tarde tomei conhecimento de um livro de 2008, - Mulheres da Marinha Grande, histórias de luta e de coragem -, da autoria de Júlia Guarda Ribeiro, com uma excelente recolha de testemunhos, entre os quais o de Maria da Piedade Almeida, viúva daquele malogrado operário vidreiro da Marinha Grande.
É esse testemunho que vos deixo aqui, nos 61 anos da morte de António Lopes de Almeida. Continuar a ler.
Obrigado Julia Coutinho.

Nota: este post no Blog da Julia, foi publicado em 25 de Janeiro de 2010.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

"Não me peçam razões"

Não me Peçam Razões...

Não me peçam razões, que não as tenho,
Ou darei quantas queiram: bem sabemos
Que razões são palavras, todas nascem
Da mansa hipocrisia que aprendemos.

Não me peçam razões por que se entenda
A força de maré que me enche o peito,
Este estar mal no mundo e nesta lei:
Não fiz a lei e o mundo não aceito.

Não me peçam razões, ou que as desculpe,
Deste modo de amar e destruir:
Quando a noite é de mais é que amanhece
A cor de primavera que há-de vir.

José Saramago, in "Os Poemas Possíveis

sábado, 23 de junho de 2012

Jorge Palma

Há alturas na nossas vidas em que temos que tomar opções. Outras em que já não as podemos tomar. Na minha passagem pela bloga tenho-as tomado. Uma delas é trazer a quem tem a pachorra de me visitar canções que me marcaram. Não sei bem, mas pelo menos é a segunda vez que por aqui ponho o Jorge Palma a cantar esta canção. hoje voltou a apetecer-me...Cá por coisas!
a gente vai continuar

Tira a mão do queixo não penses mais nisso
 O que lá vai já deu o que tinha a dar
 Quem ganhou ganhou e usou-se disso
 Quem perdeu há-de ter mais cartas pra dar
 E enquanto alguns fazem figura
 Outros sucumbem á batota
 Chega a onde tu quiseres
 Mas goza bem a tua rota

Enquanto houver estrada pra andar
 A gente vai continuar
 Enquanto houver estrada pra andar
 Enquanto houver ventos e mar
 A gente não vai parar
 Enquanto houver ventos e mar

Todos nós pagamos por tudo o que usamos
 O sistema é antigo e não poupa ninguém
 Somos todos escravos do que precisamos
 Reduz as necessidades se queres passar bem
 Que a dependência é uma besta
 Que dá cabo do desejo
 A liberdade é uma maluca
 Que sabe quanto vale um beijo

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Que esperava?



Com uma redução drástica e em crescendo da redução do poder de compra da generalidade da população Portuguesa. Com um autêntico cataclismo no que respeita ao aumento do número de desempregados, resultado em grande parte do número gritante de falências de empresas e muitos outros factores que seria fastidioso enumerar, como é que não se teria que esperar este resultado: “valores abaixo do esperado para a receita fiscal e nas “contribuições para a Segurança Social”.

Irritante é ouvir (ou ler) esta afirmação: “ Mas insistiu na garantia de que o Governo permanece “determinado a cumprir o teto de 4,5 por cento” para o défice das contas públicas em 2012”.

O que de facto me preocupa é a “incapacidade” por puro oportunismo político das principais forças políticas da oposição, não porem na ordem do dia a necessária e urgente demissão deste governo que não é mais do que uma comissão liquidatária do nosso País e que o está a reduzir a cinzas.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Manuel Alegre e Carlos Paredes



"Trova do vento que passa" do disco "É preciso um país" (1974)
Poema de Manuel Alegre
Acompanhamento improvisado por Carlos Paredes em guitarra portuguesa,citolão (guit. port. de som grave) e viola de fabrico popular.
Pintura de Vieira da Silva (1908-1992) 12/21

terça-feira, 19 de junho de 2012

Luiz Manuel. Poeta Marinhense, Português e Europeu.

Ver mais sobre Luiz Manuel. Aqui e Aqui


O meu amigo Manel (post reeditado)

Ontem, como faço muita vez ao Domingo fui até à beira mar. Quando já estava de regresso vejo ao longe alguém num local isolado, que me pareceu conhecido. Enquanto fazia a manobra fui-me aproximando e depois de me certificar que era o Manel a ele me dirigi para o cumprimentar.
Vi logo que não estava bem pareceu-me que tinha limpo à pressa as lágrimas que teria estado a verter. Depois do cumprimento fomos beber um café.
Percebi que precisava de um ombro pois conhecia-o muito bem e ambos tínhamos muito em comum. O nosso passado de operários vidreiros onde se usava uma linguagem um bocado “grosseira” onde os palavrões eram usuais, fez com que a conversa fosse mais fácil.
Enquanto estávamos no café falámos de coisas banais dado que havia alguma gente perto e não estávamos à vontade para desabafar.

Já na rua e direitos à foz do Lis em jeito de passeio lá foi contando as suas desgraças. Merda de vida a minha Pá! Como sabes desde criança que trabalho, nunca recebi um tostão de qualquer subsídio, de doença ou doutra coisa qualquer, até quando estive desempregado, nada. Hoje como sabes à custa de muito esforço criei a minha empresa e tenho 30 colaboradores. Até a meio do ano passado estava tudo a correr normalmente, embora com tendência ao decréscimo nas vendas e a maior dificuldade nas cobranças. Sempre trabalhei com dinheiro dos bancos sem nunca ter tido qualquer incidente. No que respeita a impostos tenho tudo em dia. Não devo um tostão aos meus colaboradores. Sou solidário com os trabalhadores vítimas dos roubos que esta corja que tomou conta do poder, lhes estão fazer. Até já tenho ido a manifestações como nos velhos tempos.

Fui ouvindo em silêncio o desfiar de infortúnios do meu amigo. Senti que precisava de falar e sobretudo ser ouvido.

Voltando à conversa, questionei. Então se tens as contas todas em ordem o que é que se passa? Pois lá ter ainda tenho, salvo as de alguns fornecedores com quem já me estou a atrasar e sem matéria prima, nada a fazer. Voltei a questionar. Então os Bancos aqueles fundos especiais que os governos têm posto à disposição das PMES, etc… etc…?
Não me fales nisso! Nesses ladrões que na altura em que mais precisamos é quando nos tiram o tapete. Repara, quando precisamos de reforçar os apoios de tesouraria para fazer face à crise é que me estão a exigir que amortize as contas caucionadas e cortam-nos os plafonds de livranças e o que mantêm é com juros altíssimos. Quanto aos apoios governamentais, nada nunca recebi um tostão nem de governo nenhum nem da CEE ou lá do raio que os parta. Tu sabes como é que fiz, sabes que trabalhei que nem um “Galego” passei mais de uma dezena de anos em que não soube o que foram férias e quando as comecei a ter, nunca passaram de uma semanita e nunca saí do País.
Sabendo que era tudo verdade acenei em jeito de confirmação e disparei. Mas ó Manel, se calhar tens que dispensar pessoal para ver se aguentas. Os olhos saltaram-lhe das órbitras quase que me fulminava e remata. Isso? Achas que sou capaz de despedir alguém, eu fazer como os patrões reaccionários fascistas, despedir trabalhadores?

Mais um intervalo. Mais um cigarro e voltei à carga. Olha, tens 30 colaboradores por este caminho e pelo que me contas e ainda sabendo nós que a situação económica do País ainda vai piorar mais,  é evidente que não os vais conseguir aguentar todos. O meu amigo respirou fundo, indiciando que já tinha pensado no assunto o que a seguir confessou e disse-me: Olha, por enquanto vou tentar outra solução. Vou vender uma propriedade que é a única coisa que tenho meu, fruto do meu trabalho, vou reforçar o capital da empresa, tentar ver como aguentar e depois logo se vê. Mas se esta merda continua assim não sei se daqui por uns meses não estou na mesma. Aí só me resta dar um tiro na cabeça ou no mínimo guardar uns trocos e pirar-me daqui para fora.

A conversa prosseguiu depois deste momento emocionante onde senti que pouco podia ajudar, para além de o ouvir.

Depois recordámos os nossos sonhos, ainda quando era proibido, falar em liberdade. Das manifestações, das greves das cargas policiais, da alegria com que vivemos o 25 de Abril dos sonhos, da nossa militância partidária, das razões que levaram a este estado de coisas e sobretudo debruçámo-nos muito sobre a falta de alternativas credíveis para pôr termo a isto. Terminámos com um até já (pura e simplesmente).


1ª publicação em 05 Março 2012

domingo, 17 de junho de 2012

PORQUÊ (português)



Porquê
Uhf

Porquê
Quem diz porquê
Quer entender
O que não vê

Porquê
É a pergunta
Que sai da boca
E enche a rua

Porquê, porquê, porquê
Outra vez
O naufrágio português

Porquê
Diz o poder
Sem perceber
Que o cego vê

Porquê
É a pergunta
Que o povo faz
Com amargura

Porquê, porquê, porquê
Outra vez
O naufrágio português

Porquê, porquê, porquê
Outra vez
O naufrágio português

Porquê
Até morrer
Tenho direito
Quero saber

Porquê
Que tenho pressa
Não sou freguês
Desta tragédia

Porquê, porquê, porquê
Outra vez
O naufrágio português

Porquê, porquê, porquê
Outra vez
O naufrágio português
Português

sexta-feira, 15 de junho de 2012

“Unidos Venceremos”


Provavelmente, depois da ”estabilidade democrática “ que se seguiu ao 25 de Abril e ao chamado PREC em que as forças conservadoras e os aliados de então conquistaram o poder, especialmente a partir dos acontecimentos (ainda por esclarecer) do 25 de Novembro de 1975, nunca nenhum governo reuniu tantas e de variadas formas, uma contestação tão grande.

As circunstâncias são também das piores que qualquer governo poderia enfrentar. Mas quanto maior é o problema, maior tem de ser a capacidade de o enfrentar. Mas lamentavelmente o que vemos é o crescendo  amadorismo e incompetência e quanto mais tempo passa mais isso se faz notar.

Por todo o lado chegam denúncias, acções, abaixo assinados, manifestações umas antes e outras marcadas para depois.

Hoje foi anunciada uma moção de censura por um dos partidos de esquerda com representação parlamentar. Claro que aplaudo com ambas as mãos. Mas o que é que este partido fez para assegurar que na respectiva votação, não fique só?
Para mim começa a ser demasiado folclore, em que ainda para aí muita gente a dizer “agarrem-me se não eu vou-me a ele” .

Há alguns pontos comuns em que os partidos da oposição são coincidentes, há também nos movimentos independentes e emergentes muita coincidência de objectivos, porque não juntar o que nos une?  porque sem dúvida  “é muito mais o que nos une do que aquilo que nos separa”.

É tempo de nos deixarmos de protagonismos bacocos. O nosso País está diariamente a ser destruído. Juntos seremos capazes de parar a sua liquidação.

Porque não Juntar sem tibiezas os 3 Partidos da oposição numa moção de censura colectiva? Porque não deslocar as manifestações agendadas para diversas datas, numa só que coincida com a votação (que será derrotada com certeza no parlamento) mas que na rua seria aprovada, com certeza.

Claro que isto é só um desabafo de Sexta Feira (mas pronto! Deixem-me sonhar).

quinta-feira, 14 de junho de 2012

"Talvez a Injecção Letal"


tão cansada de engolir
comprimidos sem dormir
do meu sexo que se embota
do meu coração que se esgota
esticado na horizontal
sob uma agulha sensual
e a sopa na panela
embacia-me a janela


se há uma falha um abalo
Dickinson Plath Woolf Kahlo
onde foram estavam loucas
queriam coisas eram ocas
queriam chique eram pedras
queriam arte eram merdas
tentando o voo eram estacas
punho em riste eram farpas

e a sopa na panela
embacia-me a janela
e sorbo mas sem palato
sem ter forças para o salto

tão cansada de engolir
comprimidos sem dormir
do meu sexo que se embota
do meu coração que se esgota
esticado na horizontal
sob uma agulha sensual
do meu sexo que se embota
do meu coração que se esgota


e a sopa na panela
embacia-me a janela
e sorbo mas sem palato
sem ter forças para o salto



Margarida Vale de Gato, Talvez a injecção letal

quarta-feira, 13 de junho de 2012

"Desmancha Prazeres"

Com o meu pedido de desculpas àqueles que neste momento ainda gozam a vitória da nossa selecção (diga-se que por um triz) frente à Dinamarca, coisa que não deixou de me proporcionar alguma emoção dado que  ouvi durante alguns minutos o final do relato transmitido pela Antena 1, acabei por sentir uma  ou outra lágrima  soltar-se.

Não pude durante o resto do percurso que fiz, deixar de lembrar "cenas" que me levaram a afastar completamente de tudo ao que ao futebol respeita. Pois quando vejo um jovem futebolista exibir a sua bomba de quatro rodas que custou tanto como um trabalhador normal  recebeu uma vida inteira pelo seu trabalho, quantas vezes profundamente árduo, mexe profundamente comigo.
Inveja? Não! um sentimento de revolta que não é de agora.
Entretanto surripiei para aqui uma imagem que achei adequada.

"Marcha Do Bairro Alto "

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Prof. António Sampaio da Nóvoa no Dia de Portugal

Confesso que não liguei quase nada às comemorações deste dia, neste ano. Como o meu estado anímico não anda pelos melhores dias, não me apetecía levar com umas discursatas em cima. Não sabía que o Dr. António Sampaio de Nódoa era o Presidentes das comemorações e ía intervir. Pena mas à posterior dá para ouvir. São 15 Minutos, mas garanto que vale a pena.

domingo, 10 de junho de 2012

Luís de Camões

Luís de Camões

por Manuel Alegre  Domingo, 10 de Junho de 2012 às 1:33 ·

Tinha uma flauta.
Não tinha mais nada mas tinha uma flauta
tinha um órgão no sangue uma fonte de música
tinha uma flauta.

Os outros armavam-se mas ele não:
tinha uma flauta.

Os outros jogavam perdiam ganhavam
tinham Madrid e tinham Lisboa
tinham escravos na Índia mas ele não:
tinha uma flauta.

Tinham navios tinham soldados
tinham palácios e tinham forcas
tinham igrejas e tribunais
mas ele não:
tinha uma flauta.

Só ele Príncipe.

Dormiam rainhas na cama do rei
princesas esperavam no belvedere
Ele tinha uma escrava que morreu no mar.

Morreram escravas as rainhas
morreram escravas as princesas
nenhuma teve o seu rei
para nenhuma chegou o Príncipe.
Por isso a única rainha
foi aquela escrava que morreu no mar:
só ela teve
o que tinha uma flauta.

Morreram os reis que tinham impérios
morreram os príncipes que tinham castelos
mas ele não:
tinha uma flauta.

De fora vieram reis
vieram armas de fora
os príncipes entregaram armas
ficou sem armas o povo.
As armas de fora venceram
todas as armas de dentro.
Só não venceram o que não tinha armas:
tinha uma flauta.

E as vozes de fora mandaram
calar as vozes de dentro.
Só não puderam calar aquela flauta.
Vieram juízes e cadeias.
Mas a flauta cantava.

Passaram por todas as fronteiras.
Só não puderam passar
pela fronteira
daquela flauta.

E quando tudo se perdeu
ficou a arma do que não tinha armas:
tinha uma flauta.

Ficou uma flauta que cantava.
E era uma Pátria.
Manuel Alegre
Surripiado na página do Facebook de Manuel Alegre

sábado, 9 de junho de 2012

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Oração . a banda mais bonita da cidade (c/ leo fressato)


Uma sugestão (sempre bem vinda) do Relaxoterapeuta Com esta menção: "afinal de contas as coisas simples são o melhor da vida"


Oração
Meu amor essa é a última oração
 Pra salvar seu coração
 Coração não é tão simples quanto pensa
 Nele cabe o que não cabe na despensa

Cabe o meu amor!
 Cabem três vidas inteiras
 Cabe uma penteadeira
 Cabe nós dois

Cabe até o meu amor, essa é a última oração
 Pra salvar seu coração
 Coração não é tão simples quanto pensa
 Nele cabe o que não cabe na despensa

Cabe o meu amor!
 Cabem três vidas inteiras
 Cabe uma penteadeira
 Cabe nós dois

Cabe até o meu amor, essa é a última oração
 Pra salvar seu coração
 Coração não é tão simples quanto pensa
 Nele cabe o que não cabe na despensa

Cabe o meu amor!
 Cabem três vidas inteiras
 Cabe uma penteadeira
 Cabe essa oração

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Até os "Santos" perdem a paciência.



O Bispo das Forças Armadas confessou à TSF estar «profundamente chocado» com os agradecimentos de Pedro Passos Coelho à paciência dos portugueses. D. Januário Torgal Ferreira disse ter ficado com vontade de pedir ao povo para sair à rua para fazer a democracia.

D. Januário Torgal Ferreira lamentou que as ações e as palavras do atual Governo façam recordar outros tempos de «má memória».

Em declarações à TSF, o Bispo das Forças Armadas confessou estar «profundamente chocado» com os agradecimentos de Pedro Passos Coelho à paciência dos portugueses, fustigados pela austeridade.

O Bispo das Forças Armadas disse ainda que ficou com vontade de apelar ao povo para que saia à rua para fazer a democracia, perante um Governo que, na sua opinião,
fala do povo português como um «povo amestrado» que «devia estar no Jardim Zoológico».

"Os Portugueses já não estão perante o abismo"

Imagem retirada da Net.

terça-feira, 5 de junho de 2012

Ceguetas é o que somos!!!

Portugal "está hoje mais forte", diz Passos
 
O primeiro-ministro defendeu hoje que, ao fim de um ano de Governo, "os portugueses já não estão perante o abismo" e que está em curso uma mudança económica que é "a mais importante dos últimos 50 anos".

Durante um jantar promovido pela Câmara de Comércio e Indústria Luso-Alemã, no Convento do Beato, em Lisboa, Pedro Passos Coelho considerou que "a envolvente externa" oferece motivos de preocupação, mas que Portugal "está hoje mais forte, mais sólido e mais resistente a contágios adversos".

Numa intervenção de cerca de quinze minutos, o primeiro-ministro referiu que hoje foram conhecidas as "conclusões positivas" da quarta avaliação ao cumprimento do programa de assistência financeira a Portugal e que na terça-feira se cumpre um ano desde as eleições legislativas que deram a vitória ao PSD, na sequência das quais foi formado o atual Governo de coligação com o CDS-PP.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

CURSO DE ESCUTATÓRIA

Belo texto do Rubem Alves sobre a incapacidade de ouvir, muitas vezes porque estamos dominados por nossa arrogância, nossa vaidade. As vezes porque nos julgamos bons demais, ocupados demais e ouvir dá trabalho, requer tempo, atenção, doação. E a vida passa tão depressa, não é mesmo? Seja qual for a nossa justificativa, afinal, são tantas, merecemos parar um pouquinho e apreciar essa leitura. Espero que gostem.

Sempre vejo anunciados cursos de oratória. Nunca vi anunciado curso de escutatória. Todo mundo quer aprender a falar. Ninguém quer aprender a ouvir. Pensei em oferecer um curso de escutatória. Mas acho que ninguém vai se matricular. Escutar é complicado e sutil….

Diz Alberto Caeiro que “não é bastante não ser cego para ver as árvores e as flores. É preciso também não ter filosofia nenhuma”. Filosofia é um monte de idéias, dentro da cabeça, sobre como são as coisas… Para se ver, é preciso que a cabeça esteja vazia.
Parafraseio o Alberto Caeiro: “Não é bastante ter ouvidos para ouvir o que é dito; é preciso também que haja silêncio dentro da alma”. Daí a dificuldade: a gente não agüenta ouvir o que o outro diz sem logo dar um palpite melhor, sem misturar o que ele diz com aquilo que a gente tem a dizer.

Como se aquilo que ele diz não fosse digno de descansada consideração e precisasse ser complementado por aquilo que a gente tem a dizer, que é muito melhor.
Nossa incapacidade de ouvir é a manifestação mais constante e sutil de nossa arrogância e vaidade: no fundo, somos os mais bonitos…

Tenho um velho amigo, Jovelino, que se mudou para os Estados Unidos estimulado pela revolução de 64. Contou-me de sua experiência com os índios….

Reunidos os participantes, ninguém fala. Há um longo, longo silêncio. (Os pianistas, antes de iniciar o concerto, diante do piano, ficam assentados em silêncio, abrindo vazios de silêncio, expulsando todas as idéias estranhas.). Todos em silêncio, à espera do pensamento essencial. Aí, de repente, alguém fala. Curto. Todos ouvem. Terminada a fala, novo silêncio. Falar logo em seguida seria um grande desrespeito, pois o outro falou os seus pensamentos, pensamentos que ele julgava essenciais. São-me estranhos. É preciso tempo para entender o que o outro falou. Se eu falar logo a seguir, são duas as possibilidades.

Primeira: “Fiquei em silêncio só por delicadeza. Na verdade, não ouvi o que você falou. Enquanto você falava, eu pensava nas coisas que iria falar quando você terminasse sua (tola) fala. Falo como se você não tivesse falado”.

Segunda: “Ouvi o que você falou. Mas isso que você falou como novidade eu já pensei há muito tempo. É coisa velha para mim. Tanto que nem preciso pensar sobre o que você falou”.

Em ambos os casos, estou chamando o outro de tolo. O que é pior que uma bofetada. O longo silêncio quer dizer: “Estou ponderando cuidadosamente tudo aquilo que você falou”. E assim vai a reunião. Não basta o silêncio de fora. É preciso silêncio dentro. Ausência de pensamentos. E aí, quando se faz o silêncio dentro, a gente começa a ouvir coisas que não ouvia.

Eu comecei a ouvir. Fernando Pessoa conhecia a experiência, e se referia a algo que se ouve nos interstícios das palavras, no lugar onde não há palavras. A música acontece no silêncio. A alma é uma catedral submersa. No fundo do mar – quem faz mergulho sabe – a boca fica fechada. Somos todos olhos e ouvidos. Aí, livres dos ruídos do falatório e dos saberes da filosofia, ouvimos a melodia que não havia, que de tão linda nos faz chorar. Para mim, Deus é isto: a beleza que se ouve no silêncio. Daí a importância de saber ouvir os outros: a beleza mora lá também. Comunhão é quando a beleza do outro e a beleza da gente se juntam num contraponto.

Rubem Alves é escritor, professor e psicanalista, nasceu no dia 15 de Setembro de 1933, em Boa Esperança, sul de Minas Gerais.

Surripiado aqui (através de José Zaluar)

sábado, 2 de junho de 2012

Um post sem assunto

Isto de ser blogguer amador dá-nos uma grande liberdade. Se apetece publicamos. Se não apetece, não publicamos. Se há inspiração sai qualquer coisa. Se não há, népias. Mas há sempre qualquer coisa para publicar. Pode ser um poema que alguém escreveu (se não tivermos jeito para isso) Uma música que surripiamos no You Tube ou congéneres.

Mas há mais muito mais para dizer através deste meio que se tornou incontornável. Hoje já rabisquei alguns textos, mas na verdade as motivações são tantas e tão diversificadas que não encontrei o assunto certo para sobre ele opinar. Podia escrever sobre a chafurdice das secretas e os envolvimentos que ainda ninguém sabe até onde chegam.

Podia falar sobre o aumento diário do número de desempregados (que também ninguém faz ideia até onde vai chegar) podia escrever sobre a tristeza profunda que crescentemente invade a sociedade Portuguesa, juntando-lhe a desesperança a angústia e a desilusão que lhe estão associados.
E podia escrever sobre um grande número de temas que nos fazem interrogar, como chegámos aqui? No entanto sou dos que pensa que já passou o tempo da reclamação feita da mais variada forma. Atingimos um estado de degradação e afundamento da economia com todas as consequências que lhe conhecemos e que é preciso estancar.

Sou dos que pensa que sim. É possível travar a destruição do nosso País. Como? Acordar!