segunda-feira, 14 de maio de 2012

A Culpa é (sempre) dos Outros


Tenho visto por aí muitas criticas aos votantes da actual coligação governamental como se residisse aí o problema.

Partindo da convicção de que haverá inevitavelmente eleições antecipadas era bom que quando acusamos aqueles que votaram no PSD/ CDS de toda a culpa voltar atrás e pensar no momento que vivíamos quando decorreu esta eleição.
Temos que nos situar no conjunto de acontecimentos que deram origem a eleições antecipadas. Na verdade para além da 2ª eleição presidencial de cavaco Silva (convém não esquecer o porquê de esta figura ter chegado a P.R não na 2ª mas na primeira) que claramente abriu as hostilidades no dia da vitória eleitoral e ficou claro que ao primeiro pretexto dissolveria a A. Republica.

Não devemos também esquecer que o PS insistiu em candidatar ao lugar de 1º Ministro, o seu Secretário-geral que quanto a mim foi até agora o mais desprestigiado e desgastado líder do PS a enfrentar uma eleição. As razões não cabem neste post. Mas na verdade muitos eleitores socialistas deixaram claramente de se rever no PS de Sócrates.
Já disse (algures) que não foi a direita que ganhou, mas sim a esquerda que perdeu, em boa verdade por não ter sabido a tempo fazer as escolhas acertadas no que respeita aos protagonistas.

O passado pode e deve sempre ser analisado até para que não se repitam alguns dos erros cometidos, não sendo naturalmente o objectivo deste post pareçe-me que isso está longe de ser feito.
A razão principal deste escrito é combater a ideia “fácil” de atirar para os 50,35% dos eleitores que votaram na direita (que é diferente de dizer eleitores de direita) e mesmo que o fossem, devemos situar-nos sobretudo no número de abstencionistas que atingiram nessas eleições a percentagem de 41.93% ou seja um número muito superior ao total de votantes na coligação que nos (des) governa.

Parece-me que enquanto os actuais partidos não forem capazes de mobilizar o eleitorado (ou parte considerável) abstencionista, voltaremos a ter situações idênticas, os vencedores são-no por falta de comparência, não do adversário mas por quem pode alterar as coisas.

Embora se saiba que todos os partidos têm uma parte que vota sempre nos mesmos, há outra que é móvel, será que a culpa deve ser atribuída a esse eleitorado? Vamos passar o tempo a chamar-lhes nomes, a culpá-los pelo que está a acontecer. Vamos fixar-nos só no efeito esquecendo a causa? Acho que não!
A mim parece-me que se pensamos que a causa que defendemos é a mais justa, tratemos de trazer para ela, aqueles que julgamos enganados.

Para Lembrar.

5 comentários:

Anónimo disse...

Posso assinar por baixo, Rodrigo?
Abraço

Janita disse...

O Carlos tirou-me as palavras, Rodrigo!

Excelente reflexão com a qual não podia estar mais de acordo!

Parabéns pela clareza e lucidez de raciocínio. Nem mais!

Um beijo.

Graça Sampaio disse...

Bem visto! Mas, caro Rodrigo, e se houvesse eleições hoje e voltasse a ganhar esta gente, como explicaria?

Rogério G.V. Pereira disse...

Fazendo bem as contas, os nossos governantes estão no poleiro com menos de 30% (29,2361815864%) do povo inteiro...

O resto, se não está certo, para lá caminha... só que há que sair da Aritmética dos arrependidos e enganados. O problema é de Ética. Ética e Português...

Pedro Coimbra disse...

"não foi a direita que ganhou, mas sim a esquerda que perdeu, em boa verdade por não ter sabido a tempo fazer as escolhas acertadas no que respeita aos protagonistas."

Pois é, Rodrigo.
Foi isso mesmo.
Apresentar um PS, com Sócrates como secretário-geral, a sufrágio, foi puro suicídio.
Tinha escrito na altura, repito-o agora - com este adversário, o PSD, se não ganhasse, passava a ser o novo cumulo da lentidão - correr sozinho e ficar em segundo!!
Mesma coisa com o PR.

Aquele abraço