quarta-feira, 8 de junho de 2011

Rosa Murcha

Antes de me pôr a debitar mais umas achegas em relação ao que se passa no interior do PS, interrogo-me se um cidadão sem partido cuja única afinidade que tem com o PS é o facto de durante umas dezenas de eleições, de carácter Europeu, Nacional e Local lhe ter dado o seu voto, ter opiniões sobre o que se passa no interior de um partido político? Acho que sim!

Qualquer cidadão tem o direito Democrático de opinar sobre os Partidos Políticos existentes no País, mesmo que até não sejam os da sua preferência. Os mesmos não são seitas secretas e para além disso as subvenções dadas aos ditos, saem da nossa algibeira através dos impostos que pagamos. Se estes argumentos não chegassem há ainda o facto de que a nossa vida é claramente influenciada, pelo bom ou mau comportamento dos partidos políticos, quer se encontrem no exercício do poder ou na oposição.

No seguimento do penúltimo post que publiquei e como um dos assuntos do momento é a substituição do actual secretário-geral do PS. Questiono se o processo é límpido e à partida os dois que se posicionam para potenciais candidatos, não são mais do mesmo? Sendo a maioria da comissão Nacional do PS, apoiante e escolhida por José Sócrates, é legítimo que a sucessão comece por aí? Eu sei que qualquer militante poderá candidatar-se e sujeitar-se ao sufrágio interno. Mas não estará afastada qualquer possibilidade de uma outra candidatura a partir das bases, sair vencedora? Sim das bases ou o PS é só o grupo parlamentar de onde sai um, ou o aparelho partidário de onde sai o outro? Ambos têm à partida toda a cobertura mediática como ontem se viu e a que certamente se irão seguir entrevistas em tudo o que é media.

Em relação a outros potenciais candidatos que entretanto surjam, com o avanço que estes já levam, quais serão as hipóteses?

Pronto. Desculpem estar mais uma vez a meter o bedelho.

16 comentários:

Fada do bosque disse...

Enquanto este exemplo não for seguido em Portugal, bem podem andar à espera de um bom líder para o PS... nunca mais o encontrarão. Aquilo descaracterizou-se completamente. É um Partido que poderá ser tudo, menos socialista. É um ninho de vespas. Acredite que a legitimidade não é coisa que os mace!

folha seca disse...

Minha Cara
Que grande bronca que dava. Imaginou o que seria julgar todos os governantes que claramente cometeram actos de negligência durantes os seus mandatos?
Era bonito era! A começar pelo mais alto magistrado da Nação.
Cumprimentos

Fada do bosque disse...

Bem sei... não havia penitenciárias que chegassem, mesmo que houvesse uma em cada esquina. É pena, pois vamos ser sempre governados, por uma máfia bem pior que a siciçiana. Mas esse senhor deu um desfalque...
Um pequeno texto de Orlando Castro:

Em abono dos altos serviços prestados à nação socialista por José Sócrates, cito alguns exemplos que – reconheço – pecam por defeito.

A taxa de pobreza infantil em Portugal é de 16,6 por cento, um valor superior à média dos países da OCDE (12,7 por cento) e a oitava maior do grupo.

Uma em cada quatro crianças (23 por cento) estava, em 2009, inserida em famílias com rendimentos abaixo do limiar de pobreza; 27 por cento viviam uma situação de privação. Em 11,2 por cento dos casos (uma em cada dez crianças) a privação era acumulada com a ausência de rendimentos do seu agregado familiar, abaixo do limiar de pobreza.

Portugal tem mais de 800 mil desempregados, 20% dos cidadãos a viver na miséria e outros tantos que começam a ter saudades de uma... refeição.

Portugal tem hoje a pior dívida pública dos últimos 160 anos (mesmo não incluindo PPPs e empresas públicas), a pior taxa de desemprego dos últimos 90 anos (duplicou em 6 anos), a maior dívida externa dos últimos 120 anos, a dívida externa bruta em 1995 era de 40% do PIB e o ano passado era de 230% do PIB.

Mas há mais elementos que abonam, citando Ana Gomes, a idoneidade pessoal e política do até agora sumo pontífice do PS e que, das duas uma, ou justificam que vá para a cadeia ou que seja condecorado pelo presidente da República.

Vamos a isso. A dívida externa líquida em 1995 de 10% do PIB, em 2010 chegou aos 110% do PIB, a dívida pública em 2005 era de 82.000.000.000€ e cinco anos depois chegava aos 170.000.000.000€.

Nos últimos dez anos, seis dos quais sob o comando absoluto de José Sócrates, Portugal foi o terceiro país do mundo com o pior crescimento económico (atrás do Haiti e Itália). Actualmente está no quarto lugar do TOP dos países do mundo em risco de bancarrota. Em 2011 só Portugal, Grécia e Costa do Marfim estarão em recessão no mundo. Em 2012 só Portugal estará em recessão no mundo.

folha seca disse...

Cara Fada do Bosque
Apesar de tudo, temos que reconhecer que essas "malfeitorias" todas, não podem ser atribuidas só a um homem e a dois governos em 6 anos. Alguns desses numeros foram a consequência de décadas de destruturação do País.
Mas no minimo eu confiscava-lhe o subsidio de reitengração a ele, alguns ministros e a mais uns quantos deputados.
Cumprimentos

Rogério G.V. Pereira disse...

Não se eniba. Todos devemos nos preocupar com as escolhas que vão ocorrendo nos partidos. Só me parece pouco razoável quando são os responsáveis de outras forças políticas a fazê-lo, acho isso uma ingerência, uma forma de pressão. Quanto muito admito que se comente, a esse nível, os processos seguidos por cada partido. Quanto ao que se está a passar no PS e às candidaturas em presença, acho que, para além do que já comentei em post anterior, estou de acordo com a Fada. O PS não apenas se descaracterizou como está amarrado ao memorando assinado e à pressão do aparelho e dos boys. Estes quererão um PS que não entre em ruptura com o novo poder. Será a forma de poderem almejar não serem apeados dos postos e lugares ocupados. Muitos farão jogo duplo, outros mudarão de cor esperando contrapartidas desse favor. A vida dessa gente é a de acompanhar a voz do dono...

folha seca disse...

Caro Rogério
Estou inteiramente de acordo consigo no que toca ao PS que conhecemos.
Mas há outro PS. O PS dos trabalhadores. O PS que luta ao lado de outras forças de esquerda, nas fábricas, nas repartições publicas , nas escolas. O PS que faz greve geral e se manisfesta quando é necessário. O PS que não tem lugar cativo nos congressos. O PS que não tem lugar assegurado em lugar elegível nas listas para deputados. É para esse PS que falo (sem saber se alguem me ouve).
Abraço

Manuel Veiga disse...

são as virtudes da democracia da democracia partidária... lol

abraços

O Puma disse...

Pois meu caro

Quando for militante

dirá melhor ou pior
mas com conhecimento por dentro

e talvez mude de voto por simpatia

Anónimo disse...

Também não sou militante do PS e não me coíbo de opinar, meu caro. Isso faz parte da democracia.
Quando Sócrates chegou a secretário-geral eu afirmei, em roda de amigos, que seria o fim do PS por muitos anos. Agora, admito que nos anos que me restam de vida nunca masi verei o PS. Lamento profundamente, porque a esquerda precisava de um PS forte e do lado dos trabalhadores.
Já reparou que Sócrates, PPC e Portas foram todos "formados" na JSD?
Abraço

folha seca disse...

Caro Herético
Eu concebo a militância partidária, como um acto de "servir".
Esta concepção foi alterada e tranformou-se num acto de "se servirem".
Abraço

Caro Puma
De militância partidária já tenho que chegue.
Abraço

Caro Carlos Barbosa de Oliveira
Nunca tinha pensado nissso. A JSD foi uma "boa" escola, pelos vistos...
Abraço

Pedro Coimbra disse...

Faz muito bem em meter o bedelho, Rodrigo.
A nossa cidadania, com ou sem cartão, com ou sem voto, dá-nos esse direito.
Diga lá Cavaco o que disser.
Abraço

Carlos Albuquerque disse...

Não sou militante do PS, ou do BE, ou do PCP. Fui sempre, sou e serei homem de esquerda. Já votei no PCP (CDU)e no PS. O facto de não ser militante não me inibe de ter opinião sobre, por exemplo, o que se está a passar com a "escolha" da nova liderança dos socialistas. Aí estou, na generalidade, de acordo com o que escreveu. Talvez seja, de facto, mais do mesmo.
Infelizmente assim parece ser, embora, pessoalmente, tenha a esperança de que as vozes de esquerda que ainda existem no PS (e não são poucas) venham a fazer-se ouvir. Provavelmente falta-lhes "educação" para tal, mas é bem possível que agora a obtenham...
Aliás, tanto quanto sei, apenas um partido, em Portugal "educa os seus membros e orienta a sua actividade" (política, o acrescento é meu)por imperativo estatutário.
No combate à direita não basta um PCP de eleitorado estável e seguro. É igualmente necessário, indispensável, um PS forte e ao lado dos trabalhadores.
Será que o vamos ter?
Sinceramente, tenho dúvidas.
A rosa está, de facto, murcha, como diz no seu título.
Um abraço

folha seca disse...

Caro Pedro Coimbra
Não se trata só da nossa Cidadania.
Trata-se tambem do facto de parte do funcionamento dos partidos com eleitos ser subvencionado pelo Orçamento geral do estado. Mais, a democracia e o seu funcionamento exige que cada um de nós se pronuncie no dia a dia e não só nas urnas.
Abraço

Caro Carlos Albuquerque
Estamos em sintonia e um percurso em termos de voto tambem.
Mas eu fui Militante e até dirigente num dos partdos que citou.
Certo ou erradamente apoei um grupo chamado de "dissidente" que achou que havia coisas a modificar. Não fizemos mais que exercer um direito consignado nos estatutos desse partido, que não foi respeitado.
Saí e acabou-se aí a minha militancia partidária, agora não abdico de dizer o que penso, aceitando que às vezes pense mal.
Abraço

Isa GT disse...

Pois eu não me inibo nada... gosto, desgosto... tenho o direito de dizer o que me apetece... sou portuguesa e tenho que os gramar todos os dias ;)

Bjos

Vinagrete disse...

Caro Rodrigo
Acompanho com regularidade e redobrado interesse o teu blog e devo dizer-te que, para quem se confessa principiante nestas coisas da blogosfera, atingiste um nível de qualidade muito acima da média de alguns de referência.
Hesitei bastante, depois de ler os posts dos que te acompanham com regularidade, se deveria, ou não, meter o bedelho, mas prevaleceu o meu lado belicoso, que não engeita uma boa polémica.
Dá para perceber, da leitura de 99% dos comentários, que estamos perante pessoas que acreditam em modelos de sociedade com uma forte base de solidariedade social, justiça e igualdade de oportunidades.
A diferença reside nos meios e nas políticas para lá chegar.
Já tive oportunidade de me relacionar com Sócrates, no exercício das minhas funções. Ainda como militante do PS, apoiei Manuel Alegre contra ele na disputa para a liderança.
Não gosto dele, nem da escola aparelhística e carreirista que ele representa e muito menos da arrogância que não consegue disfarçar, quando tem oportunidade de usar o poder.
Não gosto de encenações na política, nem da política espectáculo. Não gosto de ver estrangeiros emigrantes nos comícios, transportados em autocarros pagos sabe-se lá por quem, sem sequer saber ao que vão e até sem falarem a nossa língua.
Não gosto dos Boys, querem estejam na PT ou no BCP, sem revelarem ter qualificações que o justifiquem.
Não gosto de ver carreiristas, que se encaixaram em empregos do Estado, fazerem de profissão a política, deixando os lugares na função pública ocupados, não permitindo aos outros a progressão na carreira.
Não gosto de Governadores Civis nomeados para compensar favores políticos nem de acessores destes premiados com a função por terem perdido eleições que disputaram.
Apesar de tudo, porque assumo que o voto é uma conquista que custou vidas humanas e milhares e milhares de dias de privação da liberdade de muitos, fui votar e votei PS, porque não confundo um projecto político credível, com os actores que esporádicamente sobem ao palco.
No fundo, deixa que te confesse, escrevi tudo isto para usar o direito ao contraditório, relativamente aos tais 1% que, na minha modesta opinião, espalham a sua mensagem neo-liberal de forma organizada e muito profissional, bem ao geito dos Sócrates que as juventudes partidárias criaram.
Na Islândia, como na Irlanda, como nos Estados Unidos e outras economis que eram referência de crescimento e solidez, os criminosos, que deveriam ter sido julgados e presos, foram os banqueiros e outros detentores do capital financeiro, as empresas de Ratting, os Madof, os Rendeiros, os Oliveira e Costa, os Dias Loureiro e muitos outros, que ninguém se atreverá a conotar com qualquer partido de esquerda, bem ao contrário, todos eles ligados a partidos que agoram agitam bandeiras a clamar por cabeças a rolar nos cepos da sua mequinha vingança.
Há quem saiba muito de números e de macro-economia, mas os pescadores sabem quem, e quando, lhes pagava para abaterem os barcos e deixar de ir ao mar.
Os agricultores, a grande massa dos que não têm voz, também sabem quem lhes pagava para abandonarem as terras.
O monstro, essa coisa gorda que é o aparelho do Estado, também sabe quem o empaturrou de ração e o engordou de forma intensiva, para obter altos rendimentos em votos.
Todos sabem, mas alguns teimam em esquecer e lançam um foguetório para entreter os distraídos.
O PSD ganhou as eleições. Parabens ao Dr. Passos Coelho. Que governe bem são os meus votos.
O PS perdeu e assumiu. Muitas vezes é no insucesso que se abrem janelas de oportunidade.
A democracia, como eu a entendo é assim.
Se alguém quizer caçar bruxas, entretanha-se com as que tem dentro de portas, já que num Pías a sério, já estariam atrás das grades.

folha seca disse...

Caro Vinagrete
Em primeiro lugar não posso deixar de agradecer o imerecido elogio que aqui me deixas.
Em segundo dizer-te que provavelmente és o principal responsável pela existência deste blogue e por eu me ter tornado participante nestas coisas. Sim quando me falaste no nosso "Largo das Calhandreiras" de boa memória foi aí que lhe tomei o gosto. Pena ter ficado práticamente só a alimentar aquilo que devia ser um blogue colectivo. Paciência. Mas aquele "largo" nada nem ninguem o consegue substituir.
Quanto ao resto estou de acordo contigo.
Abraço