sábado, 30 de abril de 2011

Limoeiro - Ronda dos Quatro Caminhos

Quando esta noite publiquei este vídeo, logo me lembrei de o dedicar a 2 dos meus bloggers de referência. À Ana Paula Fitas que em a “Nossa Candeia” tem feito um trabalho meritório em defesa das causas das minorias, entre elas o povo Cigano cujo vídeo tem uma parte com música “Cigana” e ao Osvaldo Castro que em a “Carta a Garcia” tem defendido sem cedências oportunistas as causas em que acredita. Dedico-lhe a parte do Coro Alentejano, dado que nos próximos tempos vai ter que acompanhar e participar em acções que certamente vão ser acompanhadas por muita música tradicional Alentejana, pois fruto de algumas ambições carreiristas por aqui  o “meu” Deputado foi afastado do nosso Distrito, mas aceitou o desafio e vai ser o 2º candidato por Beja pelo PS.
Obrigado Ana Paula Fitas. Boa sorte caríssimo Osvaldo Castro

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Joaquim Carreira

Joaquim Carreira

(finado a 25.04.2011)

Naquele longínquo ano da minha meninice

Chegaste, anunciado, da primeira prisão.

Já não sei bem quem foi que o disse

Que te aguentaras bem, dizendo não.

Prisioneiro da PIDE e do fascismo

Eras um exemplo da luta marinhense

Que, abraçando convicto o comunismo

Mostraste que o terror, a razão nunca vence.

Depois veio a liberdade dos cravos d’Abril

Que te encontrou de novo encarcerado

E foste mais um, libertado entre mil,

Que povoou Portugal, resgatado.

E vieram outras lutas, desta vez dialécticas

Para impor uma razão a outra razão.

Nem sempre tuas ideias foram as mais proféticas,

Mas eram a voz do teu coração.

Quem sempre foi livre, ignora as torturas

Que se faziam naquele triste tempo

É fácil esquecer essas amarguras

Como fácil será caíres no esquecimento

Repousa pois, amigo Carreira

Já não tens mais razão para lutar

Talvez nalgum tempo, e d’alguma maneira

Teu exemplo de luta se venha a lembrar.

Sérgio Bento

Com a devida vénia ao Jornal da Marinha Grande e ao Sérgio Bento deixo aqui um poema dedicado a Joaquim Carreira.
Quero tambem realçar o trabalho jornalistico feito pelo Jornal a propósito do seu falecimento, relembrando alguns dos aspectos da sua vida.
Não podia deixar de referir o artigo do Henrique Neto, um amigo de sempre e dos que  sempre estiveram presentes.


Teoria de Churchill, Ultrapassada?

Sociedade civil acordou e está na rua à procura do consenso que falta entre partidos (link do Jornal i)

A escolha dos novos órgãos políticos está marcada apenas para 5 de Junho mas desde a queda do governo a 23 de Março que a sociedade civil tem dado sinais de que quer ter uma palavra a dizer. Em pouco mais de um mês, três manifestos vieram ganhar espaço entre os partidos.

"Um Compromisso Nacional", subscrito pelo três antigos Presidentes da República e ainda por António Barreto, Lobo Xavier ou Artur Santos Silva, "Convergência nacional em torno do emprego e da coesão social", com nomes como Manuel Alegre, Vasco Lourenço, Carvalho da Silva, João Proença ou João Ferreira do Amaral, e ainda o "Manifesto dos 74 nascidos depois de 74", que juntou Marta Rebelo, Ricardo Araújo Pereira, José Luís Peixoto ou Chullage.

"A sociedade civil tem estado mais acordada que nunca. Estes três manifestos são reflexo de três sectores, três gerações e três quadrantes diferentes", diz Marta Rebelo ao i, assumindo que o "manifesto de 74" traz "percepções e visões do momento de uma geração nascida depois de 1974 e por isso não tem uma agenda e é muito directo". A ideia de que a sociedade está mais desperta é partilhada por Boaventura Sousa Santos, subscritor de dois dos manifestos que circulam: "Compromisso Nacional" e o "Convergência pelo emprego". O sociólogo sustenta ao i que estes manifestos "são movimentos de uma sociedade civil que não tem tradição. Havia um medo que foi adquirido durante a ditadura de Salazar que tem sido agora vencido, devido ao receio das medidas de austeridade que aí vêm". Boaventura acredita que a crise ainda não atingiu em cheio os portugueses, pelo que espera que "quando entre em força nos bolsos dos cidadãos, vai haver mais manifestações", como a de 12 de Abril, da chamada geração à rasca.

Marta Rebelo, que esteve nessa manifestação, fala de "uma geração desiludida e assustada, que está a experimentar na pele dificuldades pela primeira vez. Muitos estão a fugir do país". A fuga, segundo a antiga deputada do PS, deve-se "a um trambolhão. Estamos a sentir que as promessas do 25 de Abril eram relativas. Crescemos com a ideia que o ensino superior seria óbvio, que depois viria um emprego e uma vida estável". Marta Rebelo reconhece que Portugal ganhou a democracia e a liberdade de expressão, mas que faltou "revolução na economia". "Não temos economia, temos um vazio que foi mascarado pelo FMI nos anos 80 e pela entrada na então CEE", sustenta.

O FMI está de novo em Portugal mas Boaventura alerta que "na Grécia e na Irlanda as coisas não têm melhorado. Há uma oportunidade em Portugal para mudar". O sociólogo justifica assim ter assinado dois manifestos, um que pede compromisso, "uma maioria desejável e inovadora de esquerda, entre PS, BE e PCP", e o outro, sobre convergência no emprego e coesão social, que consubstancia essa maioria.

Já Marta Rebelo - ex-dirigente socialista que nos últimos tempos tem feito muitas críticas à actual direcção - esclarece que "falhámos todos, abandonámo-nos e demos de barato que tínhamos tudo", afirmando que é pelo facto de Portugal pertencer à zona euro, "felizmente", que "nos podem ajudar". A geração a que pertence e que está presente no "manifesto dos 74", é "global, coisa que não éramos desde os Descobrimentos". A antiga deputada socialista está confiante que este manifesto, juntamente com os outros dois, "vai ser ouvido por quem de direito, que com certeza está com os ouvidos especialmente abertos. O facto de virem de sítios diferentes, aliado ao contexto eleitoral, faz com que se deva estar atento a quem se queixa e a quem aconselha".

Boaventura Sousa Santos acredita que com estes manifestos da sociedade civil "poderá criar-se uma pressão de personalidades e de pessoas comuns que defendam o bem-estar, a justiça social e a democracia. A pressão não pode ser só de espíritos iluminados mas sim de todos". Marta Rebelo concorda que a defesa do consenso é central aos três documentos.

O sociólogo vai mais longe e diz que apenas unidos se pode fazer face à crise, revelando que conhece bem a estratégia da ajuda externa. "O FMI destrói a classe média e o desemprego. Dominique Strauss-Khan [director-geral do FMI] diz o contrário, mas porque é um oportunista político que é candidato à presidência francesa. António Borges [director do Departamento Europeu do FMI] diz o contrário". Boaventura revela aliás que quando foi ouvido pela troika, em nome do Observatório Permanente de Justiça, "o FMI só quis ouvir de que forma a saber se podiam facilitar os despedimentos e os despejos".

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Um post "Aparvalhado"

Sinto que para se perceber, ao ponto de sobre isso se escrever era necessário dedicar muitas e muitas horas a leituras e audições das notícias que sobre Portugal, vão a cada momento surgindo. Para além do tempo necessário era ainda, também saber ler com alguma fluência (Inglês pelo menos) e dominar a linguagem macroeconómica.

Para um triste e comum cidadão é complicado perceber e descodificar aquilo que nos vai chegando, sendo ainda cada vez mais difícil tomar opção pelas várias propostas de solução apresentadas pelas várias tendências das já existentes e daquelas que vão surgindo como cogumelos após o final das chuvas de inverno. Não as cito porque para confusão já basta a minha. Mas nos últimos tempos para além dos cronistas crónicos e comentadores habituais, têm surgido grupos sabe-se lá soprados por onde, que têm soluções para tudo e mais alguma coisa para resolver os gravíssimos problemas do País. Qual FMI qual carapuça. A gente tem por aqui quem saiba resolver tudo. São uns tais 74 de antes, outros 74 nascidos depois, mais uns à rasca e outros menos. A massa cinzenta está aí em grande força. Dai-lhes uns institutos uns Ministérios, encomendem-lhes uns estudos e fica tudo resolvido…

Desculpem (como diria alguém, que já não diz) mas estou a “confundir o toucinho com a velocidade”. É que para além de estar à rasca, estou assim a ficar numa de aparvalhado.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Partiu Joaquim Augusto da Cruz Carreira

Hoje é um dia marcado pela morte do meu querido camarada, amigo e companheiro.
Muito haveria a dizer sobre este lutador. Pedi-te para aguentares mas tu não conseguiste.
Tu que tanto fizeste pela liberdade terias que partir no dia em ela se comemora.
Hoje é dia de ouvir músicas da resistência e da Liberdade, vou deixar-te uma, do teu grande e nosso Amigo Adriano, com quem partilhámos noites de tertúlia quer escondidos quer em plena liberdade. Sei que era a canção que gostavas que te dedicássemos.
Até sempre Carreira.

Grândola Vila Morena | José Afonso ao vivo no Coliseu

domingo, 24 de abril de 2011

E Depois do Adeus

24 de Abril de 1974

Como dizia o Sérgio "vem-me à memória uma frase batida" recordo o dia anterior á revolução do 25 de Abril.

Era um jovem com 19 anos de idade, trabalhava e estudava desde os 10 anos (no que toca aos estudos, foram interrompidos muitas vezes porque não dava para tudo) há minha frente tinha um muro completamente opaco, ou seja tinha pela frente um futuro completamente imprevisível. A única coisa que sabia é que daí a pouco tempo, tinha a tropa pela frente e consequentemente a guerra colonial e tudo que a mesma podia trazer. Ainda hoje recordo o "Maria" um jovem da Moita colega de trabalho que ao despedir-se antes de embarcar para uma das ex-colónias, nos dizia que não nos voltava a ver, o que efectivamente aconteceu pois muito pouco tempo depois veio a morrer na guerra.

Conheço a incerteza com que os jovens de hoje encaram a vida, os problemas e angustias que vivem. Mas ter pela frente como única alternativa de vida a incerteza do que pode acontecer depois de transposto aquele muro, é de facto inimaginável...

Mesmo que o 25 de Abril não tivesse trazido mais nada (e trouxe de facto muito mais) teria valido a pena.

Reprodução do 1º post publicado neste blogue em 24 de Abril de 2009

sexta-feira, 22 de abril de 2011

Quinta do Bill - Filhos da Nação

Os Partidos tambem podem reconhecer os seus erros...

Publiquei há dias um post a propósito do estado de saúde de Joaquim Carreira.

Joaquim Carreira é um dos históricos militantes do PCP, digo é porque apesar da brutalidade contra ele cometida que se traduziu na sua inexplicável expulsão, nunca deixou de se sentir como tal. Nas últimas conversas que com ele mantive em perfeito estado de lucidez que entretanto, fruto da doença que o atingiu foi perdendo, o Carreira foi-me manifestando a sua tristeza pela sanção de que foi vítima. Sei que alimentava a esperança que um dia lhe seria feita justiça.

Convém recordar que a razão por que foi expulso se deveu ao facto de manifestar publicamente a sua discordância pela insistência do PCP em candidatar a presidente da Câmara Municipal da Marinha Grande um homem, que a ele e a muitos outros militantes do Partido não oferecia confiança. A vida deu-lhe razão antes de tempo. A Estória do tal candidato e o desfecho vergonhoso que me dispenso de comentar assim o mostraram.

Os Partidos também erram. Os partidos também podem reconhecer os erros. Os partidos também podem pedir desculpa em público.

Neste Momento em que Joaquim Carreira luta pela vida, seria um acto de justiça que o PCP assumisse o erro cometido há tempos e lhe restituísse o cartão de militante que sempre foi e apresentasse à família e amigos um pedido formal de desculpas. O Carreira infelizmente, dificilmente teria consciência desse acto mas talvez, quem sabe.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Aguenta Camarada Joaquim Carreira!

Os tempos são difíceis. A nossa soberania está posta em causa. Mas o tempo é de comemorar Abril. Comemorar Abril também é o de lembrar os homens que o fizeram. Comemorar Abril é mostrarmos a nossa gratidão aos homens e mulheres que durante décadas deram o corpo às balas para que Abril um dia acontecesse.
No momento em que me preparava para comentar um post dum amigo o telefone tocou. A notícia desagradou.
O meu querido amigo e camarada Joaquim Carreira, foi internado em estado grave no Hospital Stº André em Leiria. O prognóstico é reservado.
Joaquim Carreira é um daqueles homens que deu uma vida inteira à luta pela Liberdade. Pagou com largos anos de prisão e clandestinidade a sua ousadia. Penso que foi o homem que mais tempo manteve uma tipografia clandestina do PCP a funcionar.
Não sei muitos dos dados da vida deste meu herói. Não sei se algum dia a sua biografia será escrita. Sei o quanto com ele aprendi. Sei o que representa neste momento a palavra amigo.
Aguenta Camarada! “É tempo de ocupar Abril e tomar de assalto o mês de Maio”

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Auto Exclusão...

Partidos à esquerda do PS recusam encontros com a "troika"
Naturalmente que subsistem no nosso sistema político várias formações com concepções filosóficas diferentes e ideais sobre o tipo de sociedade a construir.
Lógico que tal como em todos os Países onde funcionam sistemas Democráticos há sempre os Partidos que estão no poder e os que estão na oposição.

A presença em Portugal da tal "troika" é por si só a demonstração de que os poderes instalados não foram capazes de a tempo construir uma solução, para que não estivéssemos a sofrer o vexame de nos sujeitarmos à cedência de grande parte da nossa soberania o troco do tal empréstimo que quer queiramos ou não é crucial para o funcionamento da nossa economia.
Deixando as explicações para os entendidos (e são muitos) parece-me um grave erro a não participação dos partidos à esquerda do PS nos encontros para que foram convidados.

É tempo destes partidos, se quiserem deixar de ter votações de um dígito se assumirem como partidos de pleno direito e mesmo que seja para claramente rejeitar algumas das "imposições" que inevitavelmente nos vão fazer, os seus eleitores actuais e potenciais não vão compreender a auto exclusão a que os mesmos se remetem.

A situação é suficientemente grave para que partidos como o PCP e BE apareçam aos olhos da opinião publica como partidos fora dum processo que goste-se ou  não é crucial para o nosso futuro colectivo.

Balada de Coimbra - Carlos Paredes

Carlos Paredes tocando a Balada de Coimbra é uma modesta homenagem aos homens e mulheres, estudantes e professores que em 1969 protagonizaram uma das maiores lutas estudantis, pela liberdade cuja maior expressão foi a 17 de Abril.
Mas nada como ler de um dos principais protagonistas, parte da Estória brilhantemente contada aqui.

domingo, 17 de abril de 2011

Cagaréus e Ceboleiros*

Estamos a poucos dias de comemorar o 37º aniversário do 25 de Abril. Das conquistas dessa madrugada libertadora uma delas foi o direito ao voto para todos os cidadãos em plenos uso das suas capacidades eleitorais. Recordo que na altura a maioridade só era atingida ao 21 anos e como tal estava previsto que o direito ao voto só com essa idade. Tinha na altura 19 anos, um movimento em que participava (MJT- Movimento da Juventude Trabalhadora) desenvolveu uma campanha a nível Nacional para que esse direito fosse atribuído aos 18. Essa campanha deu os seus frutos e logo nas primeiras eleições livres usei esse direito. Não me recordo bem mas creio que as assembleias de voto abriram às 8 horas da manhã. Desde muito cedo que se formaram bichas. Toda a gente queria exercer um direito que durante quase cinco décadas só era dado a uns tantos escolhidos e em eleições “fantoches” Usando só a memória creio que mais de 90% dos eleitores exerceram esse direito.

Lembro-me que foi um dia de festa. Ouve ganhadores e perdedores, uns continuaram a festa pela noite dentro, outros assumiram a derrota com maior ou menor resignação. Era a Democracia a funcionar. Perdedores ou ganhadores, sentia-se que o dever estava cumprido e havia que esperar por outras para uns tentarem manter a vitória e outros obter a “desforra”.

Novamente vamos ser chamados às urnas, desta vez por uma razão que inicialmente até se percebia mas que ao conhecer-se o que se passou nos bastidores a razão que nos deram rapidamente se tornou numa verdadeira farsa. Mais alguns dias e quando o lençol destapar tudo e os tais armários se abrirem, a monstruosa farsa montada vai desmotivar mais gente a trocar a ida às urnas por uma outra qualquer actividade, dada a desmotivação já habitual mas agora acrescida pelo comportamento “aberrante” de alguns dos “nossos” políticos.

Provavelmente, somos um dos Países da Europa onde os nossos eleitos, menos eleitores representam. Atente-se no número de eleitores que o mais alto magistrado da Nação representa, apesar de se afirmar como o Presidente de todos os Portugueses e sendo Institucionalmente verdade, quantos de nós, os que votámos e os que não o fizeram, se revêem naquela Magistratura?

A mobilização do eleitorado não se faz assim. A necessária mobilização faz-se com ideias e gente mobilizadora. Os candidatos a deputados embora escolhidos pelos órgãos respectivos dos partidos políticos têm que ser cidadãos reconhecidos pelos eleitores e neles se sintam representados. Mas na verdade para além dos habituais “aparelhistas” aparecem mais uns tantos premiados pelos “bom” desempenho demonstrados em órgãos tutelados pelo aparelho do estado e pouco mais, para não falar de outras aberrantes escolhas.

Corremos o risco de comparativamente à situação anterior ao 25 de Abril a percentagem de eleitores não ser assim tão diferente. Antes porque os mesmos eram escolhidos pelo regime. Hoje porque não se revêem em boa parte nos candidatos escolhidos pelo “regime”.

*O titulo dado a este post é a utilização “abusiva” dum termo Usado em Aveiro para distinguir os habitantes de um e de outro lado da Ria.

sábado, 16 de abril de 2011

Poema em linha recta


Poema em linha recta

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,

Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;

Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!

Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e erróneo nesta terra?

Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?

Eu, que tenho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.

Álvaro de Campos

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Sexta-Feira

A gente tem que relaxar, descontrair, viver e até curtir. Hoje estou nessa! A factura fica para depois.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Assembleia da Republica com cravos vermelhos.


Como amplamente noticiado, a habitual e Ininterrupta (desde 1976) sessão comemorativa do 25 de Abril na Assembleia da Republica este ano não se realiza, resultado da dissolução do parlamento. Isto apesar de várias vozes entendidas dizerem que não há nada do ponto de vista legal que impeça os deputados de se reunirem por uma razão especial. Sou dos que entente que as comemoraçães do 25 de Abril são uma razão suficientemente especial para que os deputados se reunissem. Aliás presumo que apesar de extinta a A.R, os Deputados contiuam a receber o seu vencimento.

Para que o 25 de Abril não deixe de ser lembrado na casa da Democracia Nasceu no facebook um movimento que simbólicamente propõe a deposição de um cravo nas escadarias da Assembleia da Republica . Esta iniciativa decorre a partir das 10 horas da manhã.

Mais informações no link a Azul

Viva o 25 de Abril

terça-feira, 12 de abril de 2011

Efemérides

50 anos, a 12 de abril de 1961, o primeiro voo espacial tripulado levou o cosmonauta russo Yuri Gagarin a fazer uma órbita completa à volta da Terra e a tornar-se num herói mundial.

Quando não se conhece a verdade toda?

Para quem não se move pelos corredores da actividade política e se atreve a opinar sobre algumas questões, corre sempre o risco de ao não conhecer tudo, emitir opiniões erradas pois não conhece todos os dados.

Emiti a propósito da mais recente crise política algumas críticas à forma como José Sócrates conduziu o processo de negociações do PEC 4, nomeadamente a forma como publicamente apareceu a ideia de que o único contacto que fez com o principal partido da oposição teria sido um simples telefonema.

Sabe-se agora que Passos Coelho faltou à verdade. Pela boca do próprio em entrevista a um canal de televisão. Ele mesmo confirmou que esteve na véspera do envio do tal mail em reunião com o Primeiro-ministro em S.Bento. Não disse mais nada, alegando a confidencialidade da “conversa”. Não disse que a posição que assumiu foi para ceder às pressões dos Barões e Baronesas do PSD que o ameaçavam de provocar uma crise interna que levaria à sua substituição na condução dos destinos do PSD.

Resta saber qual teria sido a posição do PCP e BE se estivessem na posse de todos os dados, se de facto não estivessem.

Independentemente do resto, tudo indica que grande parte da responsabilidade desta crise política deve-se à luta pelo poder no seio do principal partido da oposição.

Lamentável

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Apetece-me

Apetece-me gritar
tudo aquilo que sei que não sou capaz...
Queria deitar cá para fora
tudo aquilo que me roi
e que me traz constantemente
o pensamento ocupado,
o coração magoado
pela dor que tanto doi...
Juro que já tentei,
tentei tanto,
acabei lavada em pranto,
e cada vez mais calada,
mais fechada dentro de mim...

Por isso escrevo!

E mesmo assim não me atrevo
a dizer tudo o que sinto.
Pensarão que é cobardia,
mas só sei que dia a dia
quanto mais quero gritar,
deixar meu peito falar,
mais me calo,
mais me fecho
sem saber desabafar!...

Celia C R Santos Caleira
reprodução não autorizada

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Em dia de ais...

Um dos meus bloggers de referência Carlos Barbosa de Oliveira em "Cronicas do Rochedo" relembrou este grande actor/declamador.
Num comentário que lhe fiz confessei o quanto me senti mal por deixar-mos que os momentos complicados que nos absorvem os pensamentos fazerem com que nos esqueçamos de homens que não deviamos nunca esquecer.
Hoje é daqueles dias/noites ( depois de ver alguma televisão) que me apetece dizer ai. Deixo isso ao saudoso Mário Viegas.

O Meu Contributo ao Congresso do PS

Logotipo e hino oficiais do PS

De pé, ó vitimas da fome
De pé, famélicos da terra
Da idéia a chama já consome
A crosta bruta que a soterra

Cortai o mal bem pelo fundo
De pé, de pé, não mais senhores
Se nada somos em tal mundo
Sejamos tudo, ó produtores

Bem unidos façamos
Nesta luta final
Uma terra sem amos
A Internacional

Senhores, Patrões, chefes supremos
Nada esperamos de nenhum
Sejamos nós que conquistamos
A terra mãe livre e comum

Para não ter protestos vãos
Para sair desse antro estreito
Façamos nós por nossas mãos
Tudo o que a nós nos diz respeito

Bem unidos façamos
Nesta luta final
Uma terra sem amos
A Internacional

O crime de rico, a lei o cobre
O Estado esmaga o oprimido
Não há direitos para o pobre
Ao rico tudo é permitido

À opressão não mais sujeitos
Somos iguais todos os seres
Não mais deveres sem direitos
Não mais direitos sem deveres

Bem unidos façamos
Nesta luta final
Uma terra sem amos
A Internacional

Abomináveis na grandeza
Os reis da mina e da fornalha
Edificaram a riqueza
Sobre o suor de quem trabalha

Todo o produto de quem sua
A corja rica o recolheu
Querendo que ela o restitua
O povo só quer o que é seu

Bem unidos façamos
Nesta luta final
Uma terra sem amos
A Internacional

Nós fomos de fumo embriagados
Paz entre nós, guerra aos senhores
Façamos greve de soldados
Somos irmãos, trabalhadores

Se a raça vil, cheia de galas
Nos quer à força canibais
Logo verás que as nossas balas
São para os nossos generais

Bem unidos façamos
Nesta luta final
Uma terra sem amos
A Internacional

Pois somos do povo os ativos
Trabalhador forte e fecundo
Pertence a Terra aos produtivos
Ó parasitas deixai o mundo

Ó parasitas que te nutres
Do nosso sangue a gotejar
Se nos faltarem os abutres
Não deixa o sol de fulgurar

Bem unidos façamos
Nesta luta final
Uma terra sem amos
A Internacional

Logotipo retirado do site do PS - Letra retirada da Wikipédia- musica retirada do You Tube

quarta-feira, 6 de abril de 2011

FMI

Hoje é daquelas noites em que apetece dizer umas coisas. Mas vou deixar o José Mário Branco contar uma estória



Estou Farto

Há aquela velha estória de que o pelotão ia todo com o passo trocado.

"Almeida Santos: Ódio da oposição ao PM bloqueará o país"


Tenho escrito por diversas vezes que há pessoas no PS demasiado caladas perante os erros clamorosos do actual secretário-geral e da equipe que o acompanha.

Sabe-se por aqui e ali que a situação não é pacifica, mas o silêncio ou até o apoio beatifico de algumas antigas consciências criticas em troca de um lugarzito no parlamento ou a nomeação tipo troca por troca para uma instituição publica ou privada como já nos habituaram quando há mudanças de Governo, mesmo que em oposição faz com que se engulam os sapos necessários.

Na noticia cujo link público Almeida Santos uma voz que sempre ouvi com atenção Põe a questão do ódio, palavra pouco usada em política. Mas se de facto há ódios a ditar as decisões que se deviam e não deviam tomar é sem dúvida José Sócrates que o tem demonstrado.

Sou dos que acredito que tendo em conta a insustentabilidade da situação o congresso do PS a realizar nos próximos dias “acorde” alguma das consciências Socialistas.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Apenas um poema surripiado algures...

TIMONEIRO LOUCO

Num mar sem rumo ou maré,

águas vivas imprecisas e soltas,

ora se caminha ora se perde o pé,

ora são mansas ora revoltas.

Silencioso barco de névoa solitária

e brumas por velas cinzentas,

onde o timoneiro é uma alma pária

de mágoas duras e pardacentas

que navega sem destino ou rumo.

Olhos glaucos, ou nuvens de fumo,

mãos crispadas no leme inerte,

vazio, eterno, à espera que desperte

ao som estrepitoso de uma vaga,

ao pio estridente da gaivota solitária,

tão solitária como a negra fraga

que no horizonte se ergue. Calcária

de tão fria, basáltica de tão negra.

Num mar sem rumo, calenda grega,

que de eterna tem a condenação

escrita e assinada a esmerilado carvão.

E de olhos perdidos na liquida imensidão

vai o timoneiro louco, alma desnuda

num grito calado de dor e solidão,

que o coração cala e o mar não muda.


surripiado aqui

Mario Mata - Somos Portugueses

Advertência: Não recomendado a pessoas sensíveis a palavrões e outras coisas que tais.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Há sempre outros caminhos. Basta haver Vontade.

PCP e BE Reunem. Aliança à vista?

Curiosamente nestes ultimos dias muito se falou em sonhos aqui pela blogosfera. Um dos meus bloggers de referência alterou o visual do seu Conversa Avinagrada para dar um maior destaque ao sonho e aos sonhadores. Num post que escrevi um dos meus comentadores habituais (a brincar claro) até achou que eu tinha "apanhado demasiado sol na Cuca".
Pode não ser nada ou dar em águas de bacalhau. Mas só o simples facto das duas forças de esquerda mais representativas e mais consequentes no panorama politico Português se juntarem formalmente (mesmo só para conversar) é  um momento ímpar na nossa história recente.
Quantos de nós votantes e simpatizantes do PS não nos estamos a sentir orfãos com a deriva liberal e de direita que José Sócrates impôs ao seu Partido.
Vale a pena sonhar e acreditar que são possíveis outros caminhos.

As Portas que Abril Abriu

domingo, 3 de abril de 2011

Sonho ou Pesadelo?

imagem retirada da net

Perguntas se tenho sonhos?

Com certeza, muitos tenho

Porém, os tempos modernos

Fazem de nossos dias um inferno


Vêde o trânsito

De nossas selvagens cidades

Espremendo os pedestres

Nas calçadas que viram estacionamento


Vêde o panorama político pessimista

De "autoridades" cada dia mais comprometidas

Projetos de continuísmo populista na América Latina

Acordos a qualquer custo, nas neo-ditaduras


Vêde o desinteresse dos jovens

Em quais mãos se depositará o nosso destino?

Nas baladas, funks ou festas raves?

Onde rola de tudo que é destrutivo e libertino.


Perguntas se tenho sonhos?

Ainda insisto em tê-los

Alguns podem classificá-los como utópicos

Outros dirão que fujo dos pesadelos.


Mas, ainda assim vale a pena sonhar

E convido você a não desistir de mirar

E plantar as sementes de um mundo melhor

Como jardineiros responsáveis pelas próximas gerações a acolher...


E espalhar os frutos da mudança

Ainda que sejamos poucos

Valerão os sacrifícios e arroubos

Pro dia de amanhã ter um sorriso de criança.


AjAraújo, o poeta humanista, Agosto de 2009.

sábado, 2 de abril de 2011

[Tim] Companheiros de Aventura - Melhor Amigo

Num Sábado à noite em que apetece ouvir umas musicas e até "abanar o capacete" mas em que tambem sentimos a necessidade de pôr a escrita em dia, nada como dar uma volta aqui pela "bloga" e encontrar coisas que em mais lado algum se encontram. A poesia é uma delas.
Dedico esta canção do Tim aos Poetas que por aqui passam e nos dão a conhecer verdadeiras "obras de arte".
Vivam os Poetas (e claro as Poetisas).

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Coisas de outros Tempos.

Sempre achei que a solução para Portugal para que Abril se cumprisse era uma solução de esquerda. Lembro-me de colar cartazes em que se apelava a uma maioria de esquerda.

Em vésperas de comemorar-mos (com a excepção da sessão solene na assembleia da República) o 37º Aniversário do 25 de Abril e com essas mesmas comemorações a decorrer, durante um período de campanha eleitoral e como sonhar ainda não é proibido, atrevo-me a relembrar outros tempos.

Noutros tempos em que o PCP lutava por uma maioria de esquerda de onde pudesse sair um governo de que fizesse parte . No PS os homens de esquerda assumiam isso sem preconceitos. Alguns de outros Partidos de esquerda  de mais reduzida expressão, também se batiam por uma solução governativa de esquerda.

Hoje está tudo diferente. O PCP mostra-se muito pouco interessado em assumir uma posição de poder (há outros poderes mais interessantes). Os homens de esquerda do PS estão caladinhos (salvo uma ou outra honrosa excepção) Deixando o futuro e os destinos nas mãos de um Secretário-Geral, recentemente eleito que a fazer qualquer coligação será sempre com o Partido que se segue no caminho para a direita. A esquerda caviar acha que ainda é cedo para se atrever a encarar qualquer hipótese de partilhar o poder, certamente que naquelas mentes brilhantes, existe a ideia que um dia assumem o poder, mas por inteiro.
E pronto, são só recordações. Como cantava o Vítor Espadinha “é triste viver de ilusões".

Três Cantos: Canto Dos Torna-Viagem